O que é gatilho mental do desapego?

O gatilho mental do desapego é extremamente poderoso, porque nos ajuda a aumentar a nossa percepção de valor. Quando estamos muito apegados, ficamos dependentes.

Tudo aquilo a que somos apegados nos manipula e influencia de forma direta nas nossas escolhas. Em contrapartida, com o desapego, comunicamos para o nosso interlocutor que qualquer coisa que fizermos dará certo com ou sem ele.

Quando mostramos que tudo que estamos fazendo não precisa da pessoa para qual estamos realizando um pitch, uma venda ou um convite, a chance dela se engajar é maior.

Por outro lado, se uma pessoa percebe que a curtida, o compartilhamento ou a participação que dará fará uma grande diferença na nossa vida, a chance de ela participar é pequena.

Como funciona o gatilho mental do desapego

No momento em que o outro percebe que a participação dele pouco mudará a nossa vida, ele participa. Psicologicamente falando, as pessoas querem que as outras sejam felizes, tenham sucesso e prosperem, só não mais do que elas.

É difícil reconhecerem isso, mas a maioria delas vive assim. Isso acontece em famílias e entre amigos, é um padrão comportamental negativo de escassez, que domina a maior parte das pessoas.

Então, o gatilho mental do desapego faz com sejamos percebidos como alguém que tem mais valor do que os outros. Tudo aquilo que é muito disputado, parece ser bom.

No desapego, não corremos atrás, não fazemos muita questão, porque somos abundantes. É como acontece quando aplicamos o gatilho mental da escassez. O outro só irá nos valorizar se a percepção de valor dele sobre nós for alta.

Se não mostramos para a pessoa que temos autoridade e valor, quando aplicarmos a escassez, ela não irá funcionar, porque estamos apegados.

Ao estarmos disponíveis para qualquer coisa que a pessoa fale, possuímos baixo valor. Isso acontece porque no nosso próprio sistema, a pessoa com a qual estamos tendo esse tipo de comportamento tem mais valor para nós do que nós para ela.

Caso não nos façamos ser valorizados, o outro não irá nos valorizar. Ou seja, a responsabilidade do valor que o outro nos dá é nossa.

Há muitas pessoas competentes que não sabem mostrar que são; comunicam para o ambiente ao seu redor que não são boas o suficiente, porque estão sempre apegadas, correndo atrás.

Normalmente, as pessoas nos testarão para saber se realmente somos desapegados e só estaremos nesse estado se estivermos abundantes, fortalecidos.

Quando temos uma poupança emocional positiva, conseguimos sobreviver a pressão. Esse comportamento mostra que quem está perdendo é o outro, não nós.

Aprendendo a dizer “não”

Para que o desapego funcione, a pessoa precisa perceber que o beneficiado é ela mesma. Se ela perceber que está nos ajudando, a chance de ela não engajar é muito alta. Agora, se ela perceber que nos ajudar é ajudar a si mesma, ela se envolve com todas as forças. Chamamos isso de Call to Action reversa.

Precisamos aprender a criar essa percepção de desapego, que é gerada quando temos autoconfiança. As pessoas desapegadas, geralmente, têm um nível de autoestima mais alta do que aquelas que são apegadas.

O apegado transfere para os outros a responsabilidade por alguma área da vida dele, que ele mesmo deveria resolver; ele terceiriza.

A melhor forma de aplicar o gatilho mental do desapego na nossa vida é utilizando do lifestyle do desapego, não terceirizando as coisas que sabemos que precisamos fazer. Nós fazemos e ficamos autoconfiantes, livres, sem precisar o tempo inteiro do outro para terceirizar afeto, atenção, entre outras coisas.

Tem muitas pessoas que são especialistas em resolver os problemas dos outros, porque estão com a necessidade de serem aceitas, reconhecidas e amadas. Acham que com esse tipo de comportamento serão valorizadas. Isso é um engano, um bloqueio.

Devemos aprender a não resolver problemas para os outros. Senão, ficaremos cansados, colocando problemas que não são nossos nas nossas costas. Assim, temos que focar nos nossos problemas, ser desapegados, e deixar que o outro resolva os seus.

Portanto, um bom exercício de desapego é dizer “não”. Uma pessoa que não sabe fazer isso, está apegada, carente, afetivamente. O “não” é terapêutico para quem dá e recebe.

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